Nos anos 70, o universitário Malcolm Brenner foi convidado a fotografar os animais de um parque aquático da Flórida. Ele tinha acesso total às dependências do parque e passava a maior parte do seu tempo livre convivendo com os golfinhos.
Com o passar dos dias, Malcolm percebeu que Dolly, uma fêmea de golfinho nariz- de-garrafa, passou a demonstrar um estranho interesse sexual por ele. “Ela tomava minha perna com sua boca e roçava os dentes gentilmente para cima e para baixo, a sensação era incrível. Não tenho certeza se outras pessoas considerariam isso erótico, mas eu certamente considerava.” contou Malcolm em entrevista para Huffington Post.
Apesar de julgar extremamente excitantes as investidas de um animal tão selvagem e grande, que, se quisesse poderia matá-lo, o rapaz foi pego desprevenido “Ela desenvolveu uma atração por mim, e teve que insistir muito até que eu correspondesse.”
Golfinhos são mamíferos da ordem dos cetáceos, que, cerca de 50 milhões de anos atrás, viviam em terra firme e possuíam hábitos totalmente terrestres. Mesmo tento essa aparência realmente extraterrestre, seus ancestrais evolutivos eram parecidos com pequenos antílopes de rabo comprido. Ainda hoje os golfinhos possuem ossos residuais onde costumavam estar seus membros inferiores.
Malcolm e Dolly passaram a manter uma relação afetiva muito próxima, e fizeram sexo diversas vezes. “Foi a experiência mais intensa que eu tive, Dolly foi o amor da minha vida. Eu me sentia completamente envolvido” lembra Malcolm.
Os golfinhos fazem sexo por prazer, mas também quando estão entediados e como forma de interação social. O sexo é, para os golfinhos, uma ferramenta para estreitamento de laços entre amigos, sem conotações de compromisso ou posse.
Nove meses após o início da relação entre Malcolm e Dolly, o parque aquático onde Dolly vivia fechou para dar lugar a uma rede de condomínios e Dolly foi vendida para um Parque em Gulfport, Mississipi.
Por mais que pensasse nela diariamente, Malcolm não chegou a visitá-la, principalmente porque estava assustado com a intensidade dos últimos meses. Em vez disso Malcolm buscou novos relacionamentos, dessa vez com humanas. “Era uma batalha entre a atração por Dolly e o desejo por ser normal” conta em entrevista para o Broward Palm Beach News .
Malcolm relata sua relação com Dolly no livro Wet Goddess, lançado em 2011. O propósito do livro é, principalmente, chamar a atenção das pessoas ao fato de que os golfinhos são animais extremamente empáticos e que não deveriam ser mantidos em cativeiro.
Essa também é vontade de Delphine, uma delphinophila criadora do site Delphine’s Heart, que reúne relatos de mulheres com essa orientação.
Delphine explica: “Eu, como uma pessoa zoófila, percebo que meu amor por animais não-humanos não é somente baseado em elementos eróticos. Eu genuinamente respeito animais não-humanos, tanto quanto amigos humanos, e nunca iria buscar gratificação sexual sem alguma conexão mais intensa.”
Em seu blog é possível encontrar contos e desenhos eróticos elaborados por uma pequena rede de mulheres colaboradoras, além de inúmeras notícias sobre proteção animal.
Nos anos 60, um experimento financiado pela NASA, basicamente inundou uma casa e convidou alguns pesquisadores a morarem em tempo integral com golfinhos, a principal meta era ensinar a linguagem humana aos cetáceos. Margaret Howe Lovatt, uma das moradoras da casa, conta que além de conviver intensamente com um golfinho adolescente chamado Peter, ela diversas vezes acabou por ter relações sexuais com ele. “Peter adorava estar comigo, se esfregar na minha perna, no meu colo, nas minhas mãos, e eu amava isso. Eu não estava desconfortável de maneira alguma.” conta Margaret no documentário da BBC The Girl Who Talked to Dolphins.
O que se percebe nesses e em outros casos é que golfinhos são de fato seres bastante sexuais, que, muitas vezes investem em seres humanos.
Recentemente na Índia passou-se legalmente a considerar golfinhos ‘pessoas não-humanas’, conceito que os reconhece como indivíduos racionais, inteligentes e autoconscientes. Os golfinhos também foram os únicos animais, além dos seres humanos, a conseguirem utilizar a internet.
A pesquisa sobre uma internet interespécies, liderada pela psicóloga cognitiva Diana Reiss, está apenas começando, mas até agora entre os animais escolhidos para testar essa nova plataforma: chimpanzés, elefantes e golfinhos, apenas os cetáceos conseguiram entender do que se trata.
Pode-se encontrar alguns, poucos, relatos sobre como, de fato, se da uma relação sexual entre um golfinho e um humano. Primeiramente é importante que ambos estejam confortáveis em um local submerso mas não muito profundo, como perto da costa, por exemplo. O que parece ser mais recorrente é a relação entre homem e golfinho fêmea, onde a fêmea é bastante incisiva quando quer copular, e costuma sugar o pênis do humano com sua vagina altamente muscular, que, quando excitada, incha e obtém uma coloração avermelhada. Em geral o golfinho irá sugar o pênis do homem para dentro da sua vagina, e iniciará uma série de contrações ritmadas, que terão seu ápice menos de dois minutos após seu início.
No caso de golfinhos machos, por terem os pênis em formato de gancho, torna-se extremamente perigoso tentar a penetração, mas é possível encontrar diversos relatos de masturbação, inclusive em vídeos do youtube. Mas cuidado: ao ejacular, o golfinho profere um jato bastante potente, que pode machucar se atingir os olhos.
Zoofilia é um comportamento sexual altamente discriminado na nossa sociedade, sendo inclusive comparado à pedofilia, já que é comum que vejamos os animais como seres indefesos, que estão completamente a mercê dos humanos. A grande maioria dos zoófilos discorda dessa definição.
A pesquisadora alemã Dr. Andrea Beetz constatou, em seu livro “Bestiality and Zoophilia – Sexual Relations With Animals” que assim como Malcolm e Delphine, a maioria dos zoófilos faz parte de movimentos de proteção e libertação animal.
Fica claro em fóruns sobre o assunto o extremo respeito que os zoófilos têm pelos seus animais de desejo. Relações sexuais em que o humano agride, abusa ou até mata o animal são extremamente mal vistas pela comunidade zoófila, e praticantes que desrespeitam ou causam danos aos animais são banidos dos grupos de discussão sobre o assunto.
No livro “Unterstanding Bestiality and Zoofilia” a sexóloga Hani Miletski apresentou um amplo questionário para um grupo de 93 pessoas, 11 mulheres e 82 homens, que se reconhecem como zoófilos, com intuito de entender a orientação e os motivos que levaram os participantes a comportarem-se dessa forma. Em determinado momento da pesquisa ela tentou relacionar algum plano de fundo ou história semelhante que conectava os participantes, mas se deparou com pessoas extremamente distintas entre si “eu não consegui encontrar nada que os conectasse, nenhuma experiência comum na infância ou algo parecido”, conta em entrevista.
“Eles realmente amam e respeitam seus animais, ao ponto de quererem casar e tratá-los como cônjuges” conclui Miletski.
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Texto originalmente publicado em Obvious Magazine.