Nosso Neocortex nos Permite Ter no Máximo 150 Amigos Por Vez

Desde 2013 existe um tópico no site de perguntas respostas Quora que pergunta para profissionais de diversas áreas, sobre alguns limites teóricos interessantes. O tópico já foi respondido por mais de 50 pessoas, e a lista só cresce. Entre limites como a altura máxima que uma árvore pode ter (130 metros) e o máximo de vezes que é possível dobrar um papel na metade (12 vezes), apareceu algo chamado Número de Dunbar, que é o número máximo que amigos que uma pessoa consegue ter, simultaneamente.

Parece que nossos cérebros permitem que a gente tenha no máximo 150 amigos por vez.

Quem chegou a esse número foi o antropólogo britânico Robin Dunbar, por acaso, enquanto estudava uma teoria que afirma que primatas desenvolveram cérebros tão grandes para conseguirem lidar com grupos sociais complexos. Dunbar vem estudando a relação entre o tamanho do cérebro e grupos sociais desde 1990, e já publicou diversos artigos sobre o assunto.

Depois de estudar estruturas sociais e cérebros de vários primatas, Dunbar percebeu que o número de relações simultâneas em um grupo de primatas está intimamente ligado à capacidade de processamento de informação pelo neocortex.

O número médio de membros que um grupo de humanos deve ter para que todo mundo consiga saber quem todo mundo é e a relação que cada membro tem com qualquer outro membro, é 150, mas já que nós desenvolvemos uma linguagem extremamente complexa, até conseguimos ter grupos maiores, com 250 ou mais pessoas, mas fragmentados. Em geral, pessoas que têm mais do que 150 relações simultâneas, precisam entrar em um estado estressado do cérebro, para conseguirem assimilar todas essas outras pessoas, e seus inter-relacionamentos.

Ao contrário do que poderíamos pensar, o Número de Dunbar pode estar diminuindo, e não aumentando, com a era digital. Porque aprendemos a ser sociais observando outras pessoas, seus comportamentos, suas linguagens corporais e não podemos observar as linguagens corporais das pessoas tão bem, pela internet. Dunbar disse em uma entrevista para o New Yorker que “Na caixa de areia da vida, quando alguém chuta areia em seu rosto, você não pode sair da caixa de areia. Você tem que lidar com isso, aprender, se comprometer (…) na internet, você pode puxar o plugue e ir embora. Não há nenhum mecanismo que nos force a aprender”.

Então, talvez, a internet e nossos milhares de amigos digitais estejam, na verdade, nos tornando seres menos sociais. Ainda não temos dados ou distanciamento suficientes para medir os impactos definitivos da era digital nas nossas relações interpessoais, mas podemos ter certeza que estamos no início de algo completamente novo.

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