Rato-Robô, um Experimento Horripilante

Um grupo de cientistas basicamente pegou um cérebro de rato, colocou dentro de um pote, e levou o rato a pensar que um carrinho fosse o corpo dele… quase isso.

Existe, desde 2007 um robozinho que é controlado unicamente por células cerebrais.

Esse experimento é desenvolvido pela Universidade de Reading, na Inglaterra, por um grupo liderado pelo célebre professor de cibernética Kevin Warwick.

Primeiro retira-se neurônios do cérebro de um embrião de rato, que são postos para crescer dentro de um pote sobre uma estrutura composta por 60 eletrodos, capazes de captar as minúsculas faíscas de eletricidade que os neurônios emitem quando se comunicam.

Em questão de minutos os neurônios começam se multiplicar e criar conexões entre si. Alguns dias mais tarde o pote ja está preenchido por uma massa densa e achatada, composta por cerca de cem mil neurônios.

ratorobo-noosferaDepois da estrutura formada, caminhos conectivos começam a se desenvolver naturalmente. Para isso a equipe manda impulsos elétricos para diferentes áreas do pote, cada impulso ativa diversos neurônios além dos que foram propriamente estimulados, e assim os caminhos são descobertos.

A outra parte do experimento, o corpo cibernético do rato, é um carrinho equipado com sensores que captam informações espaciais do ambiente. Cada vez que o carrinho chega perto de uma parede ele envia um impulso elétrico ,via bluetooth, para os eletrodos do “cérebro” no pote.

Se o estímulo gerar uma resposta no cérebro do pote, ou seja, se ativar um caminho conectivo formado por vários neurônios, o carrinho desvia da parede. Com o tempo as conexões entre esses neurônios se tornam mais fortes, e o carrinho desvia mais frequentemente das paredes.

rato-robo-nosfera
Esse é o primeiro robô a conseguir aprender da mesma forma que nós mesmos aprendemos. Quanto mais vezes pensamos em algo ou repetimos uma ação, mais reforçamos as sinapses relacionadas a essa atividade, e com isso elas podem ser acessadas de forma mais rápida, às vezes até quando nem queríamos.

“Há muito neurocientistas acreditam que a formação de aprendizado e memórias se da através do reforço ou enfraquecimento de conexões entre células cerebrais. Recentemente, pesquisadores do Center for the Neurobiology of Learning and Memory, na Universidade da Califórina, confirmaram. Em experimentos com ratos eles foram capazes de isolar e observar o comportamento do cérebro enquanto aprendendo uma nova tarefa. Os pesquisadores perceberam que quando dois neurônios interagem frequentemente eles formam uma ligação que permite uma comunicação mais fácil e precisa, levando à memórias mais completas e de mais fácil acesso. Por sua vez, quando dois neurônios raramente interagem, a transmissão frequentemente chega incompleta, causando memórias imprecisas ou até mesmo ausência total de memória. “

Trecho retirado da página How The Brain Learns, por Training Industry.

Os neurônios sobreviverm apenas três meses dentro do pote, e precisam ser substituídos depois desse período. Desde o início do experimento, em 2007, centenas de ratos foram usados para controlar o carrinho. Os responsáveis relatam que cada um dos ratos-robôs se comporta de maneira diferente, como se tivessem mesmo “personalidades” próprias.

Mas, o rato-robô é um ser vivo? Essa ainda é uma questão filosófica.

Esse experimento levanta questões que vão se tornar cada vez mais comuns daqui em diante, como por exemplo se esse amontoado de neurônios dentro de um pote pode ser considerado um cérebro propriamente dito, ou ainda, o que define um indivíduo?  E que finalmente levará a definição de seres biológicos, e bio-cibernéticos.

***

As imagens do post foram tiradas desse vídeo.

***

Comentários